Universidade e Sociedade 30/07/18

 
"Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública." 

-Anísio Teixeira 
   Iniciamos a aula com uma roda de conversa sobre a leitura do livro "Uma perspectiva da educação superior no Brasil", de Anísio Teixeira, e o documentário "Educadores Brasileiros: Anísio Teixeira - Educação não é Privilégio", nos quais contam a história do mesmo. Foram destacadas situações, como: a criação de Anísio; as influências tanto familiares quanto de pessoas externas; seus questionamentos; seu modelo de ensino; as perseguições sofridas frente as épocas históricas; e, acima de tudo, seu modo de ver o presente e pensar no futuro. Detalhando cada uma das situações citadas, iniciamos com a criação de Anísio Teixeira, a qual foi baseada no ensino católico jesuíta, o que influenciou no seu querer de ingressar na Companhia de Jesus, que foi revogada por sua mãe, pois o impossibilitaria de vê-la e tornariam-se distantes. E, em controvérsia, foi de grande importância o convencimento do seu pai para Anísio adentrar na política, que, na época, era uma profissão bem vista socialmente. A partir dessa formação em Direito, Anísio se torna Secretário da Educação em Salvador. Com seus aprofundamentos na área, conhece o livro "Métodos americanos da educação", o que o faz abandonar progressivamente os seus conceitos vinculados a Igreja Católica Jesuíta e, após total ruptura, se definia como Livre Pensador, pois não estava atrelado a nenhuma ideologia religiosa. O modelo anisiano é a favor do povo, defende um modelo institucional de educação público, laico e obrigatório, ou seja, acessível, livre de ideologias religiosas e imposto à todos, chamado de Manifesto da Escola Nova, de 1932. Com essa introdução de ensino e criações nas Universidades, Anísio sofreu perseguições governamentais das quais eram contra sua forma de ensino, porém ele dizia - veja-se nos depoimentos contidos no documentário - que isso faz parte da evolução de países subdesenvolvidos. O modo com que descrevem Anísio Teixeira no documentário é, basicamente, sua noção do continuum do pensamento, o qual sempre pode evoluir e mudar ao longo do tempo e sua capacidade de pensar adiante da sua época, a favor de outros. Defendia seus três pilares que a literatura lhe permitia no seu tempo de exílio: a capacidade de permanecer, de analisar e se estender. Anísio Teixeira foi encontrado morto em 1971, após três dias desaparecido, na época em que preparava seu discurso para receber a cadeira na Academia Brasileira de Letras.

"Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem. Lutar pela diferença sempre que a igualdade nos descaracterize." 
-Boaventura de Sousa Santos 
Fonte: Boitempo Editorial

   Após essa roda de conversa, lemos uma entrevista intitulada "Da universidade à pluriversidade: reflexões sobre o presente e o futuro do ensino superior", da Revista Lusófona de Educação com o professor Boaventura de Sousa Santos, e assistimos ao vídeo "Encontro Educação Popular e Universidades (Parte 2 - Naomar de Almeida Filho)", nos quais tratavam sobre os questionamentos de Boaventura. Na entrevista, Boaventura explica os termos conhecimento universitário e pluriversidade que, respectivamente, estudam o modelo tradicional e a mistura de conhecimentos advindos não só saberes científicos, mas toda a forma de conhecimento. E, em sua conceituação, a crise financeira é invocada para destruir a diversidade e a diferença, inciando a crise hegemônica, na qual os dois modelos universitários de tanto se contrariar iriam ou se unificar em um pluriversitário, ou se perder para o capitalismo, no qual o valor do conhecimento transforma-se em valor de mercado. No vídeo, o professor Naomar cita o modelo da UFSB, que foi criado com base nos questionamentos de eixos, um deles sendo o Boaventura de Sousa Santos, nos quais visam a recriação da Universidade, onde a pesquisa, extensão, ecologia dos saberes, acesso e universidade/escola pública, sejam praticadas com profundidade, sendo a relação da ecologia dos saberes e a extensão praticadas de forma contrária a tradicional: conhecimento de fora da universidade para dentro da mesma.
   Visto isso, pode-se observar que os três eixos pensadores trabalhados até o momento estão contidos e sendo aplicados, mesmo com algumas dificuldades,, no projeto universitário da UFSB e que, quando empregado no ensino permite um melhor conhecimento não só intelectual de uma visão de mundo, mas também do âmbito educacional em que estamos inseridos.

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